A Arena encontrava-se despida de público como nunca antes tinha visto. As bancadas superiores fechadas e a área em frente ao palco apenas composta até meio.
Enquanto aguardavamos pela banda de suporte, os Smashing Pumpkins entram em palco sem que desse por isso. Mais de uma década à espera e perco os primeiros instantes importantes da noite.
"Porcelina of the Vast Ocean" foi o tema inaugural. E tendo "Mellon Collie & The Infinite Sadness" como um dos discos da minha vida, as coisas não poderiam começar melhor.
"As far as you take me, that's where I believe..." foram as primeiras sílabas entoadas por Billy Corgan. Confirmava-se a genialidade do arranque do concerto.
"Behold! The Nightmare" é daquelas canções assustadoras e encara-se bastante melhor quando estamos rodeados de gente. Assustadora no bom sentido. "Adore" é um conjunto de canções tão negras que nem todos os dias o consigo ouvir. E se em "Porcelina" tinha sido a frase de abertura a dar o mote, em "Behold!", a frase de fecho crava-se no peito como uma faca bem amolada ("I've faced the fanthoms in your deep, withstood the suitors quiet siege / pulled down the heavens just to please you, to hold the flower I can't keep ").
O concerto continuou intercalando os diversos álbuns da banda, sendo que o primeiro momento de entusiasmo colectivo irrompeu com
"Tonight, Tonight". A música já é perfeita. Para quê ainda lhe adicionarem aquele intro de piano fabuloso...? Conseguiram melhorar o perfeito.
"Bring The Light", "Tarantula" (com o power todo que transmite no álbum intacto) e "That's The Way My Love Is" (com a urgência das guitarras aqui substituída à altura pela doçura do acústico) foram os pontos de referência das canções retiradas de "Zeitgeist".
Além de
"That's The Way My Love Is", também
"Perfect" e
"1979" (o melhor momento de todo o concerto) tiveram direito a roupagem acústica feita unicamente à custa da viola e voz de Billy Corgan (sim, porque a prestação de Jimmy Chamberlain na pandeireta em "Perfect" foi apenas física).
O final do concerto foi mais pesado, com destaque para
"Everlasting Gaze" e o seu ritmo absolutamente avassalador e
"Bullet With Butterfly Wings". A parte final tornou-se mais num banquete para o ego de Billy Corgan, que decidiu passear-se pelo palco durante uns largos minutos emitindo ruído munido da sua guitarra.
Sendo um dos deuses musicais desde há mais de 10 anos, tem todo o direito de o fazer. Não me importei minimamente, após mais de 2h30 de concerto non-stop. Embora continue com os tiques de "rock star" demasiado vincados, Billy Corgan acabou por abraçar a plateia mancuniana, que acabaria por esperar 5 minutos em vão por um encore que não aconteceu. Tiques.
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