29 novembro 2006

RODRIGO Y GABRIELA@MANCHESTER ACADEMY 2

Há concertos que nos obrigam a ficarmos alguns dias a assimilar o que realmente se passou enquanto a banda esteve em palco. Ao sair da Manchester Academy no passado Domingo, olhávamos uns para os outros, como perguntando: "Conseguiste perceber o que aconteceu ali dentro?". Foi de facto um dos espectáculos mais desgastantes (no bom sentido) a que assisti nos últimos tempos.
Para vos contextualizar, Rodrigo e Gabriela são dois guitarristas mexicanos, que há alguns anos atrás tocavam trash-metal em bandas de garagem que nunca alcançaram qualquer sucesso. O amor à música e a renúncia a trabalhar em escritórios, motivou-os a emigrarem para a Europa, tendo escolhido a Irlanda como destino, local onde ainda se encontram a viver.
Dois guitarristas em palco, somente. Ainda assim, usam o instrumento de tal forma que dá ideia que têm uma banda inteira atrás deles.
Gabriela parece que toca sete instrumentos usando apenas um! Faz o ritmo, faz a percurssão, tudo ao mesmo tempo. Rodrigo é responsável maioritariamente pelos solos e pela melodia de cada composição, embora se dedique também à parte rítmica sempre que Gabriela necessita de extravasar as suas fronteiras.
A mescla de flamenco com a atitude rock é perfeita, a sua música é totalmente instrumental, agregando ao seu repertório temas clássicos de rock, os quais maquilham ao seu estilo, como por exemplo "One" dos Metallica", "Stairway to Heaven" dos Led Zepellin ou "Wish You Were Here" dos Pink Floyd (cantada em uníssono pelo público... excepto eu).
"Diablo Rojo" foi a música que fechou as cortinas, numa parte final em que a plateia ficou responsável pelo ritmo, fazendo das palmas o seu instrumento. Era a música que mais aguardava e foi de facto a melhor da noite, num set onde não é fácil arrebatar esse título. "Diablo Rojo" é uma viagem por terrenos áridos, cheios de solavancos, a 200 km/h.
Sem dúvida alguma uma experiência a repetir e altamente recomendável para quem tenha a oportunidade.
Aqui ficam dois pequenos excertos deste estupendo concerto: excerto 1 / excerto 2.

Ainda não foi desta!

Mais uma vez, o meu desígnio pessoal não foi cumprido... Ainda não foi este ano que consegui atravessar a quadra natalícia sem ouvir o "Last Christmas"! No próximo ano cá estarei na luta de novo!

15 novembro 2006

MUSE @ M.E.N. ARENA

Era sem dúvida um dos concertos que mais aguardava este ano. Depois de mais um grande álbum, era tempo para rever os Muse ao vivo. Era portanto enorme a expectativa.
E o facto de os Muse actuarem em Manchester duas noites seguidas, prova que a minha expectativa era partilhada por muitos outros.
Desta feita a minha localização na Arena foi excelente. Fiquei na bancada à direita do palco mas no piso mais inferior, bastante perto do palco. Começava bem a noite.
Os ânimos acalmaram depois da performance dos Noisettes que preencheram a primeira parte. A única coisa que conseguiram foi fazer jus ao nome, porque ruído houve bastante. As letras eram inaudíveis, a bateria ininterruptamente agressiva demais.
Saí mais cedo para voltar ao bar e queimar a última nicotina antes dos artistas principais entrarem em cena. Ao regressar ao interior da Arena, o ambiente começava a aquecer. Os sons que antecediam o concerto ajudavam, entre eles Arcade Fire, Nirvana, Rage Against The Machine... Entretanto o público nas bancadas inicia a onda que dura cerca de 5 minutos, criando uma atmosfera festiva.
Os Muse pisavam finalmente o palco e como previa o épico "Knights of Cydonia" abriu o concerto. Estrondoso início, ao fim de 10 segundos já estava completamente em pele de galinha... Além da fabulosa parede de som que ecoava a partir do palco, visualmente a banda encontrava-se igualmente bem servida. A bateria apareceu dentro de um cubo electrónico (não sei como explicar melhor...) e as imagens que ilustravam cada tema davam uma dimensão ainda mais especial. A adição de uma componente mais electrónica veio ainda dar mais força à banda ao vivo.
A maioria de "Black Holes and Revelations" foi tocado nesta actuação, mas ainda sobrou bastante espaço para os trabalhos mais antigos (apenas cometeram o pecado de deixar "Muscle Museum" de fora...). "City of Illusion" e "Starlight" foram os momentos de destaque do novo álbum. Até a mal amada "Supermassive Blackhole" foi recebida em delírio... afinal o pessoal gosta e não soou nada a Britney Spears! "New born" e "Stockholm Syndrome" ("this is the last time I abandon you / this is the last time a forget you..." foram as linhas mais poéticas da brilhante noite) mostram toda a densidade contida nas composições deste trio.
São puros épicos.
Matthew Bellamy esteve ao seu estilo, acabando por arremessar uma das guitarras para o público. Mas ao contrário do concerto que assisti em Lisboa, há uns anos atrás, os Muse não destruiram os instrumentos no final do concerto (facto que impediu o encore dessa vez).
Finalizou então um dos concertos do ano, aconselho vivamente, a todos os que tenham essa oportunidade, que não percam Muse ao vivo. Tempo de voltar à rua e continuar "chasing your starlight...".

P.S: os links dão acesso a imagens e sons do concerto a que fui. Obviamente a qualidade não é a melhor mas dá para ficarem com uma ideia.